quinta-feira, 29 de março de 2012

Assalto e cumplicidade

Um dia desses, eu estava com o Pirrita dando uma geral no barco, que havia chegado de um trabalho na noite anterior. Mesmo ocupado arrumando as tralhas, percebi que duas pessoas passaram nadando pela proa do Chaposo e subiram no barco vizinho, onde mora o Tonico, nosso piloto de batera (jangada sem mastro usada no embarque e desembarque).

BATERA

Logo terminamos a arrumação e eu gritei pelo Tonico pra vir com a batera até o Chaposo, para nos levar pra terra. Quando embarcamos na batera, eu perguntei a ele quem eram as duas pessoas que haviam chegado nadando e ele, com uma cara meio esquisita, disse que não conhecia nenhum dos dois e que já havia falado pra os "visitantes" que eles tinham que sair do barco.

Voltamos com a batera até o barco dele e, debaixo de muitas reclamações e ameaças do Tonico, um casal de adolescentes saiu da lancha e embarcou na batera. Ele, franzino e baixinho, calmo e calado. Ela, morena quase negra, bonita e aflita, foi logo me pedindo para, quando chegássemos na praia, eu dizer à polícia que ela era minha filha.

Só então percebemos o que estava acontecendo... O garoto havia assaltado alguém no calçadão e, acompanhado da garota, cuja participação no caso não ficou clara, tinha fugido para o mar. Na praia, uma pequena multidão já estava formada e alguns policiais militares nos mantinham sob observação, aguardando a chegada da "nau dos condenados".

O nervosismo a bordo da batera era grande... O Tonico gritando com os dois ladrõezinhos que eles tinham que pular da batera. A menina chorando e pedindo pra um de nós assumir a paternidade dela, como se isso fosse a chave da salvação. Eu argumentando que ninguém ia acreditar na minha falsa paternidade, pela diferença de idade e da cor da pele e o Pirrita, coitado, pobre com "cara" de pobre, repetindo todo o tempo ... "vai sobrar pra mim".  

No meio do caminho, o garoto, triste e determinado, disse... "vou me entregar" e pulou na água, certamente com mais medo da cara feia do Tonico do que das porradas que tomaria da polícia. Acho, também, que foi uma tentativa "heróica" de salvar a mocinha do confronto com a lei.

Com a saída do garoto o clima na batera mudou... Na tentativa de "salvar" a menina, alguém sugeriu que ela pulasse na água e fosse pra outro barco. Outro lembrou que, se ela mudasse de roupa, talvez a polícia não a ligasse ao assalto. Sugestão prontamente aceita, a garota tirou a blusa e a bermuda e se revelou quase nua, num biquini minúsculo que só realçava um corpo maravilhoso, no esplendor de seus 16 anos. LINDA, LINDA, LINDA !!!

A essa altura, já estávamos mais perto da praia e, percebendo que o destino era inevitável, a sereia adolescente pulou também na água e foi nadando lentamente para a areia, onde o companheiro já estava de joelhos, em frente aos policiais.

De volta à realidade, cuidamos de montar uma estratégia para nos afastar de problemas e pedi ao Tonico para me deixar com o Pirrita um pouco distante da multidão. Desembarque feito, o Tonico voltou com a batera para o barco dele e eu e o Pirrita nos sentamos num banco do calçadão pra observar, de longe, os acontecimentos.

Em poucos minutos, um policial chegou até nós e perguntou pela terceira pessoa que teria participado do assalto e fugido para o mar. Respondi tinha visto os assaltantes nadando e que apenas dois haviam chegado no barco do Tonico e subido sem autorização. O policial ainda olhou para o Pirrita meio desconfiado mas minha barba branca e aparência de "barão", como dizem por aqui, foram suficientes pra livrar o Pirrita de uma injustiça.

Outro dia eu estava com o carro na oficina na Avenida que passa paralela à praia e perto do morro Santa Terezinha e a vi atravessando a rua num shortinho curto e um "top" justo. Linda e livre.


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