sexta-feira, 8 de março de 2013

Marina Pública em Fortaleza


Marinas em Fortaleza

O recente caso do assalto a um iate de luxo ancorado na enseada do Mucuripe, próximo à Av. Beira Mar, deixou evidente a carência da capital do Ceará no tocante à infraestrutura para acolher barcos locais e visitantes.

Fortaleza tem uma situação privilegiada em relação ao movimento de embarcações de esporte e recreio. O Ceará está localizado entre duas regiões náuticas importantes no cenário mundial que são a região de Angra dos Reis e o Caribe. A capital do Ceará é mais próxima da Europa do que qualquer outra capital brasileira e tem condições e mar e vento excepcionalmente favoráveis aos navegadores que fazem o chamado “círculo do Atlântico” no circuito Caribe, Europa, Brasil, Caribe. Segundo estimativas, todos os anos passam pela costa cearense mais de 3.000 veleiros, em direção ao Caribe.

Apesar dessas condições favoráveis, a cidade não apresenta nenhuma infraestrutura pública capaz de atrair e acolher os usuários desses barcos para uma estadia mais longa. A única Marina existente na cidade tem foco em clientes de muito alto poder aquisitivo, não dispõe dos serviços de apoio necessários e se localiza em uma região da cidade deslocada do principal eixo de interesse turístico, composto pela Avenida Beira Mar, a praia do Futuro e o pólo gastronômico da Varjota.

A realização de jogos da Copa do Mundo de 2014 gera uma oportunidade de se reverter esse quadro, com a criação de uma marina pública, integrada aos sistemas de mobilidade urbana em desenvolvimento, capaz de acomodar adequadamente os barcos de recreio que chegarem à cidade. Com a realização da Copa, há a expectativa de que muitos navegadores estrangeiros aproveitem a oportunidade para viajar em seus barcos, conhecer o Brasil e assistir à competição.

Se por si só a oportunidade de receber visitantes na Copa de 2014 já justificaria a criação de uma infraestrutura de apoio, o fato dessa infraestrutura poder ser usada, posteriormente, como elemento de atração permanente para o turismo náutico, para o desenvolvimento dos esportes náuticos locais e como fator de geração de emprego e renda torna urgente sua viabilização.

Um local com vocação natural para abrigar uma Marina é o chamado “Porto dos Botes”, vizinho à moderna sede da Capitania dos Portos do Ceará. Esse local é próximo ao porto do Mucuripe e estará naturalmente integrado ao futuro centro de entretenimento e lazer da Praia Mansa, ao terminal de passageiros do porto e à estação do VLT do Mucuripe.

Porto dos Botes.jpg

Porto dos botes

Esse local, onde hoje já são realizados trabalhos de manutenção em barcos de pesca, encontra-se em deplorável estado de favelização. Devidamente urbanizado e ordenado o espaço do “Porto dos Botes” poderia acomodar perfeitamente todos os prestadores de serviço já existentes, servir de ponto de lançamento e subida de embarcações e, eventualmente, abrigar restaurantes e bares, constituindo-se em mais um ponto de atração turística para Fortaleza, pelo maravilhoso panorama que dali se descortina.

Nas imediações, existe o atual “cais pesqueiro”, também em péssimas condições de conservação e diversos edifícios públicos sem uso. No futuro, esses espaços poderiam ser utilizados na expansão da infra-estrutura de apoio à indústria náutica de esporte e recreio.

Com a implantação da Marina haverá, certamente, uma demanda crescente por serviços náuticos cada vez mais completos o que inclui infra-estrutura para docagem e reparos de barcos de grande porte “no seco”. A infra-estrutura necessária inclui rampa de acesso à água, equipamentos (mini-tratores) para subida e descida de barcos, local para posicionamento dos barcos em seus berços e boxes de prestadores de serviço de solda, pintura, mecânica pesada, marcenaria, etc

Para acomodar as embarcações na água, poderia ser construído um píer flutuante com uma plataforma principal da qual partem “braços” nos quais ficarão atracados os barcos. Esses “braços” poderiam ser construídos de forma modular, de maneira que, dependendo da demanda, possam ser acrescidos ou retirados, alongados ou encurtados. Havendo uma demanda superior à capacidade máxima do píer flutuante, as embarcações excedentes poderão ser acomodadas em poitas (bóias presas ao fundo do mar) na região próxima.

Nos flutuantes, deveria haver tomadas de água tratada e energia elétrica além das estruturas necessárias à atracação das embarcações. Eventualmente, seria necessária uma separação de funções deixando-se alguns flutuadores com a função de apoio para as embarcações de pesca e turismo e outros para apoio e atracação de barcos de esporte e recreio.

Para operar a marina flutuante, deverão ser desenvolvidos serviços de apoio, típicos de estruturas dessa natureza, como:

·         Administração dos espaços e vagas
·         Comunicação via rádio
·         Segurança
·         Transporte para os barcos ancorados em poitas
·         Resgate e reboque
·         Pequenos reparos mecânicos, elétricos, eletrônicos, em fibra de vidro e madeira, velas, etc
·         Limpeza
·         Apoio turístico

A Marina poderia ser explorada em regime de concessão, por interessados escolhidos mediante licitação. A empresa escolhida montaria uma equipe para administrar o local e cobraria dos proprietários dos barcos usuários um valor compatível com o que é praticado em outras marinas nacionais. A prestação dos serviços de apoio ficaria a cargo de profissionais locais devidamente capacitados e cadastrados que cobrariam seus serviços diretamente dos contratantes.

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